segunda-feira, 23 de maio de 2011

Gilberto Gil 1968


Texto de contracapa:Eu sempre estive nu. Na Academia de Acordeão Regina tocando La Cumparsita, eu estava nu. Eu só sabia que estava nu, e ao lado ficava o camarim cheio de roupas coloridas, roupas de astronauta, pirata, guerrilheiro. E eu, do mais pobre da minha nudez, queria vestir todas. Todas, para não trair minha nudez. Mas eles gostam de uniformes, admitiriam até a minha nudez, contanto que depois pudessem me esfolar e estender a minha pele no meio da praça como se fosse uma bandeira, um guarda-chuva contra o amor, contra os Beatles, contra os Mutantes. Não há guarda-chuva contra Caetano Veloso, Guilherme Araújo, Rogério Duarte, Rogério Duprat, Dirceu, Torquato Neto, Gilberto Gil, contra o câncer, contra a nudez. Eu sempre estive nu. Minha nudez Raios X varava os zuartes, as camisas listradas. E esta vida não está sopa e eu pergunto: com que roupa eu vou pro samba que você me convidou? Qual a fantasia que eles vão me pedir que eu vista para tolerar meu corpo nu? Vou andar até explodir colorido. O negro é a soma de todas as cores. A nudez é a soma de todas as roupas.

Músicas:
  1. "Frevo Rasgado" (Bruno Ferreira, Gil) – 1:53
  2. "Coragem pra Suportar" – 2:55
  3. "Domingou" (Gil, Torquato Neto) – 2:55
  4. "Marginália Il" (Gil, Neto) – 2:39
  5. "Pega a Voga, Cabeludo" (Juan Arcon, Gil) – 4:44
  6. "Êle Falava Nisso Todo Dia" – 2:33
  7. "Procissão" – 2:55
  8. "Luzia Luluza" – 4:03
  9. "Pé da Roseira" – 3:03
  10. "Domingo no Parque" – 3:46
  11. "Barca Grande" – 2:41
  12. "A Coisa Mais Linda Que Existe" (Gil, Neto) – 3:59
  13. "Questão de Ordem" – 5:31
  14. "A Luta Contra a Lata ou a Falência do Café" – 2:49
Uma companhia durante o rápido almoço de segunda.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

VIPS: histórias reais de um mentiroso


Documentário nacional sobre a vida daquele que por acreditar no que não é fez o Brasil conhecer o que queria.
De cara apresenta uma crítica a sociedade das aparências, porém acho que esta personalidade merece uma análise mais aprofundada. É intrigante o final quando ele surpreende a produtora do documentário sendo pego por um crime 'besta', simples. Este retorno ao engodo é muito significativo. Da mesma forma como é notório a empatia que ele constroi, esta presente de forma mais significativa tanto no depoimento do ator Ricardo Macchi como na própria documentarista que transformou sua produção numa propaganda da inteligência do Marcelo.
Aberto para discussão:

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Experiência


O secretário nas suas poucas palavras de uma rápida ligação diz, na manhã do fatídico dia, que a suplente marcou com o conselheiro uma reunião as 15. São 10, 11, 12, 13, almoço, 14, banho, 15 “boa tarde”. Ela está. Ele não. Ele chega. Ela fala. Um diálogo sem palavras de um mal-estar incomodo. Não havia reunião. Era coisa de relance, um pulo do gato da cabeça da doida. Seria informações sobre como fora a eleição, a posse, os apoios, mas não. A velocidade impossibilita assimilar. Olhos arregalados, palavras, palavras, partidos destros e canhotos rivais até que ANULAÇÃO! Com a pausa se branda, consultaremos. Mas o que você vai fazer? E o emprego? Contrato? xii!!! Não há tempo de conversar não! Há os processos, prestação de contas, conivência!!! Mas vai dar certo, e se não der ... e o apoio mesmo? Entendeu? Como é seu nome mesmo? Rafael de .... ?? Sou eu quando já estou na calçada. Povo doido!

O saber de experiência vira informação? Meus dedos não escrevem, e sabe o que me falta? O que não vem é aquela iluminada primeira palavra, ‘experencio’ a sensação de não conseguir passar o específico momento de estranheza agito-estático vivenciado no instante da crise de um que chega no plantão, na supervisão em que me percebo como Estado e no dever de suas obrigações, ou ainda, nas transmutações do inconsciente freudianos em uma aula de Psicanálise. Mas se for preciso ter pódio que a medalha de ouro vá para “ser um estranho na sua própria morada” e tudo que esse ‘experenciar’ me causa.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O Discurso do Rei


A proposta é escrever. Escrever sobre o que vejo, o que ouço, o que penso e até mesmo o oposto de tudo isto. Será na prática de sair de mim e vim para as letras, segundo o mito acadêmico, que a facilidade de produção nascerá. 
Este discurso do rei já havia chegado aos meus ouvidos de diferentes formas. Todas elas exaltando o filme e associando com os temas: transferência e relação terapeuta-paciente. E de fato para nós que estamos todos os dias mergulhados nesta seara é inevitável estas associações. Por mais que a proposta seja falar, não quero molhar o molhado. Pouco tenho a acrescentar do que já me foi dito, neste instante, penso em destacar a cena em que o "terapeuta" tem uma conversa íntima com sua esposa. É nesta conversa que ele diz estar com problema com um paciente e ela com um olhar de 'suspensão-suspeição' realiza ao meu ver um dos lados do tripé psicanalítico: a supervisão. É ela que na sua escuta flutuante lembra o marido que os sonhos e anseios partem não apenas do paciente, mas também dele e que ele deve estar atendo a isto.
É tarde e a gripe que hoje alarmou amanhã acordará mais forte.
Boa noite.